Eu hoje amanheci de ausências
Nas palavras redigidas
Do amigo distanciando-se
Pelas frestas descortinadas da vida
Por onde os raios incandescentes do sol
Teimaram em invadir o instante
Banhando-me sem aviso prévio
Da saudade que não sentia
Eu hoje vivi nos silêncios
Das esquinas becos vielas
Pelos indícios presentes na solidão
Da renúncia à competição insana
Por onde gigantescos obstáculos
Sombreavam - lhe o caminho
Interpondo-se à paz de espírito
Obscurecendo - lhe a razão
Eu hoje entardeci de sonhos
À frente da cadeira vazia
Na ausência total de sons
Vislumbrando as cores da despedida
De um crepúsculo outonal
Pôr do sol emoldurando o horizonte
Presságio de futuro reencontro
Quem sabe noutra vida
(Catia Schmaedecke)
Porto Alegre, 16 de setembro de 2005.